quinta-feira, novembro 13, 2008

Des conexão

Como lidar com o bloqueio de escrita ao mesmo tempo em que sentimos necessidade de transpor no papel tudo que está perambulando pela mente?

Vontade de escrever sobre tantos assuntos, muitos deles sem sentido, do tipo futebol e política (que não é meu forte) até as coisas mais banais da vida, por exemplo: o jeito que o dono da pizzaria em frente ao condomínio encerra o expediente, as girias que a molecada usa hoje em dia, hábitos e formas de tratamento interpessoal ou as conversas neuróticas ditas no ônibus.
Dos hábitos femininos e masculinos nas indas e vindas de cada época. Das lições de vida de um homossexual narradas na mesa de um bar (esse assunto com certeza merece e terá um texto único).
Das paixonites que passam por nossas vidas e deixam marcas que guardaremos (querendo ou não) para sempre no coração ou no armário de lembranças. Medos que temos de enfrentar diariamente ao sair de casa ou de ficar dentro de casa. Índices alarmantes de acidentes de trânsitos ocorridos nas grandes cidades e que estão chegando nas cidadelas, mesmo tendo a tal lei seca em vigor e tantas formas de vistoriar nossas vidas, seja por câmera ou nossos dados pessoais.
Do despreparo de profissionais no mercado de trabalho. Do estudo cada vez mais franco transmitido nos bancos escolares estaduais. Pessoas que fazem de tudo para atingir seu objetivo e não pensam nas conseqüências de seus atos. Das crises estrangeiras que afetam o mais longínquo vilarejo e causa arrombos gigantescos em grandes empresas.

Acho que tudo isso é efeito do fim de ano, o velho costume da retrospectiva que nos faz analisar cada ponta de fio deixada no bordado. Dos desejos de mudanças, novas metas e projetos a serem transferidos do papel para a realidade.

Nessa gangorra de devaneios, olho para mim e por vezes não sei o que vejo ou como sou vista.
Em geral costumo ouvir coisas do tipo: forte, determinada, perseverante, dura e realista na maior parte do tempo. Muitas vezes brava e chata. Sorriso aberto, amiga sincera, pé no chão até demais, sonhadora, sofredora. Carinhosa, voz alta, geniosa, carinhosa, estabanada.....

Esses dias atrás ouvi a seguinte descrição, de uma pessoa que disse ter mudado de opinião a meu respeito nos últimos meses:
- Você é um pão de mel
- (????)
- Sim, casca dura por fora, molinha e doce por dentro!

Pensei até que fosse piada, mas a criatura tava falando sério! Quando o tumulto do dia terminou, comecei analisar a tal comparação e confesso que achei graça da forma simplista e verdadeira.

Imaginamos as pessoas pelo que aparentam ser e demonstram em atitudes e falas diárias, talvez por falta de tempo ou falta de interesse em saber e compreender o próximo.
Agindo assim acabamos escolhendo errado os nossos políticos, aceitamos calados tudo que nos é imposto, seja por ladrões, policiais, deliquentes juvenis, regras e normas de comportamento ético profissional.
Engolimos palavras para não magoar os outros, esquecemos de nos mesmo, buscamos ignorar estatísticas e noticias que nos desagradam, valorizamos o que não precisa e esquecemos do que deveria ser prioritário, nos deixamos prostituir (de ideais) no emprego, por um marido, namorado, amigo. Seguimos rio abaixo ou lutamos contra a correnteza, jogamos ping pong com o ar, lançamos bolas de água na tentativa de alcançar a Lua.
Acreditamos fazer o que é certo, seguir na direção exata, sonhamos com tudo de bom e melhor no amanhã, rezamos para não esquecer as lições do passado.


Definitivamente não sei explicar, esse emaranhado de pensamentos, pode ser culpa da era digital ou da falta de conhecimento e aprendizado da escola vida, sei apenas que vivo e quero o melhor dessa vida, mesmo que jamais consiga colocar ordem nessa desconexão!

2 comentários:

Zeca disse...

Oi, Shumy!

Gostei bastante deste texto, que diz tudo o que, em geral nos passa pela cabeça em tão pequeno espaço. Esses questionamentos não são apenas fruto da proximidade do final do ano, mas sim dessa espécie de caos em que vivemos e, parece, nos aprofundamos cada vez mais. Seu papo é gostoso, suas idéias são bem concatenadas e encadeadas e o resultado é esse texto rápido e saboroso que acabo de ler.

Beijo.

Anônimo disse...

Menina, isso só pode ser uma epidemia, viu? Credo! Eu tb ando numa leseira de dar dó! rs...
Mas aqui... se com tudo isso vc fez este baita texto, o que aconteceria se as palavras estivessem soltas hein? rs...
'dorei!
beijoconas