domingo, novembro 19, 2006

Como diria o mestre: existem mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe nossa van filosofia! Essa vida de mulher moderna, ainda vai me colocar numa tremenda fria (ou não)!

Trabalhar no meio masculino tem sido muito prazeroso. Imagine poder falar aquele palavrão no meio de uma conversa e ninguém sair ofendido. Ou sentar lá no fundão do ônibus sentindo toda segurança ao ponto de tirar um cochilo, ficar parada na beira da pista cercada por quatro marmanjos e receber buzinadas de todos os caminhoneiros. Conversar sobre assuntos diversos: do super motor daquela pick up até a bunda daquela fulana, que vai trabalhar todo dia com calça de coz baixo.

Está mais do que certo que existe muita cumplicidade no meio masculino, eles trocam olhares sobre tudo e todas (principalmente), as conversas giram em torno de mulheres (óbvio), carros, futebol...reservam alguns momentos para politica, economia. Mas jamais tocam no assunto decoração, perfumes, tendências, relacionamentos.

A vantagem de ser mulher e viver entre eles, você aprende a usar uma postura rigida (o que é diferente de grossa) naquela reunião de resultados em plena sexta ou naquele relatório solicitado nos cinco minutos antes de acabar o expediente.

Você aprende a não fantasiar, porque quando eles querem, pode ter certeza que eles te procuram. Se o cara não te ligar, relaxa e desencana, se você não correr atrás, em três dias ele te liga. Pode apostar!

Não precisa ficar preocupada com aquele tom de voz que você usou na ultima discussão, ele não vai lembrar no manhã seguinte. Mas se você usar uma lingerie preta numa noite comum, pode apostar, isso será lembrado por dois dias.

Se você quiser algo, fale! Eles não tem bola de cristal e muito menos o sexto sentido apurado ao ponto de perceber que você quis dizer B e não A.

A melhor parte de conviver entre eles, é poder usar esse aprendizado, contra eles(no momento oportuno, é claro)!

domingo, novembro 05, 2006

Da janela eu observo o homem parado na plataforma de embarque, nunca embarcar, parece estar sempre analisando o passo das pessoas, disposto a trocar alguns minutos de prosa ou ajudar uma senhora com suas malas infinitas ou até facilitar as peraltices de uma criança.

Quase todas as manhãs lá está, com sua boina de couro negro ligeiramente caida para o lado direito, o porte pequeno e franzino, o bom e velho cigarrilho pendurado no canto na boca.

A calça sempre de corte reto e coz alto de um tom claro ou quase branco, o paletó de corte clássico parece ter sido feito sob medida para aquele homem de pele negra e sorriso magestoso.

Os olhos miúdos e negros como de jabuticaba, parecem sorrir a todos que cruzam seu caminho.

A fala mansa, encanta aqueles que se dispõem a diminuir o passo e conversar por alguns instantes.

Muitos não notam o sorriso preso nos lábios daquele homem, nem o olhar carinhoso que se perdendo no meio da fumaça dos escapamentos.

Quando o cigarrilho acaba, ele dira nos calcanhares e caminha lentamente por entre os passageiros apressados com suas rotinas diárias.

Não sei seu nome, sua idade, sua origem, nem sua história, sei apenas que ele gosta de estar ali na plataforma, como se estivesse ali para se despedir de alguém e desejar uma boa viagem.

Da janela do ônibus eu inclino a cabeça e sorrio na esperança de um dia poder trocar alguns segundos de prosa, com o senhor de olhar miúdo e sorriso infantil!